« É costume dizer-se que as mulheres são apaixonadas por sapatos. Há-os de todas as formas e feitios, de todas as cores e para todas as ocasiões. De salto alto ou raso, casuais ou formais, desportivos ou de cerimónia. Vermelhos, pretos, dourados, rosa, prateados, com cordões, de fecho, com cano, abertos, com luzes, cristais… Aquilo que imaginar já existe, certamente. No meio de tanta oferta, há uma que nos chama a atenção. A Verney Store é uma marca que se orgulha de respeitar o meio ambiente e chega até nós com aquilo que apelida de calçado sustentável.
A marca nasceu pelas mãos de Cristóvão Soares e Dani Barreiro. Conheceram-se na Universidade do Minho, no mestrado em Economia Social, e há cerca de dois anos fundaram a Verney. Algum tempo depois, Sara Pinheiro juntou-se ao projeto.
“Costumamos brincar e dizer que a Verney é filha da Universidade do Minho, já que estudámos os três lá”, diz Sara, licenciada em Marketing, sem esconder o orgulho pela Universidade da cidade que a viu nascer.
Os dois CEO têm outras ocupações para além da Verney, por isso quando a marca começou a crescer sentiram necessidade de ampliar a equipa. Falaram com a Universidade, Sara candidatou-se a um estágio extracurricular e conseguiu o lugar. Quando terminou o estágio, continuou na empresa. No dia em que falamos está de malas feitas para uma viagem a Itália, com o objetivo de falar com fornecedores e recolher informações que possam ajudar a Verney a ingressar no mercado estrangeiro, mais maduro no que diz respeito a preocupações ambientais.
Localizada na Póvoa de Lanhoso, Braga, a Verney conta com uma equipa pequenina, mas composta por mão- -de-obra qualificada que também compreende a ajuda de parceiros de Guimarães, Felgueiras e S. João da Madeira, amplamente reconhecidos no setor. Os objetivos da marca? Apelar a um consumo mais sustentável, partilhar valores e diminuir o grande impacto ambiental geralmente causado pela indústria do calçado.
“Costumamos dizer que a marca é vegan porque o termo permite agregar uma série de conceitos: ecologia, sustentabilidade, proteção ambiental… Ou seja, não é apenas direcionado a vegans. A ideia é tornar as pessoas um bocadinho mais conscientes e fugir um pouco da caricatura do estilo hippie que tantas vezes vemos associada a este termo”, explica Sara.
A loja online não a deixa mentir: há sapatilhas e sandálias informais, casuais, mas também há calçado para ambientes que exigem mais formalidade.
O calçado fabricado não envolve a exploração animal e a Verney chega mesmo a apresentar componentes inovadores como materiais à base de cereais. No horizonte estão mais ideias como a utilização do bambu ou do coco.
“Temos preocupações relativas ao ambiente. Precisamos dos animais não na nossa roupa, mas na nossa vida! Queremos diminuir o enorme impacto ambiental gerado pela fast fashion. Como? Através da slow fashion, que não nos priva das nossas necessidades”, sublinha a marketeer.
Quer isto dizer que a Verney aposta em modelos intemporais, que nunca passam de moda, e em cores e registos neutros, fáceis de combinar com qualquer peça de roupa. Ainda assim, a marca está atenta às tendências, mas adapta-as ao seu registo – como é o caso dos Chunky Sneakers que estão no horizonte – de forma a que o comprador não tenha de estar sempre a comprar sapatos.
“Vemos uma sociedade muito consumista e esse não é de todo o nosso lema! Se calhar aqui em vez de comprarem seis pares de sapatos durante o ano, compram dois, mas que duram uma vida”, diz Sara.
Citando Cristóvão Soares, a maketeer explica que o conceito da Verney quer permitir às mulheres comprar menos, mas de forma mais consciente. Mas não seria mais fácil a marca apostar na fast fashion e, por conseguinte, em maior rentabilidade ou retorno a curto prazo? Sara não hesita. “Mais fácil seria… Este é um processo mais longo. Mas fazê-lo de outra forma não nos encheria o coração como enche este projeto”, sublinha.
Sara admite que, apesar da boa aceitação do público e do constante crescimento da marca, o caminho nem sempre é fácil.
“Somos muito conhecidos pelo nosso calçado em couro, por exemplo. Crescemos habituados a ouvir que o couro é que é bom e tendemos a não parar para avaliar outras alternativas. Mas acho que as coisas estão a mudar”, diz.
A marketeer acha que cada vez mais os portugueses estão a sentir a urgência de uma viragem no que toca a políticas ambientais e sociais. A Verney orgulha-se de cumprir todas as normas de responsabilidade nestes campos e quer continuar a fazer sapatos “que não dizem nada, mas dizem tudo”. Sara explica que não necessitamos de uma mudança radical do dia para a noite, mas podemos começar por adotar pequenas boas práticas que certamente já farão a diferença no mundo que nos rodeia.
Os produtos estão disponíveis na loja online da marca – onde a Verney também presta aconselhamento, sempre que solicitado – e na loja Couve, em Lisboa. Estão a ser dados os últimos passos para estarem representados também na loja online Minty Square. Como a Verney reconhece que escolher um par de sapatos não é o mesmo que escolher uma peça de roupa, instituiu uma política de trocas e devoluções amiga do cliente. A marca responsabiliza-se por todos os custos das devoluções dentro da Europa.
E o futuro? Sara sorri.
“Estamos aqui de corpo e alma, a Verney é mais do que uma marca. Queremos continuar a transmitir os mesmos valores: a partilha, o amor, a comunidade, o respeito pelo ambiente e pelos animais. Queremos trabalhar com aquilo que nos é dado e fazer o possível para retribuir, nem que seja apenas um bocadinho”, diz, sorrindo. »
– in, Revista Minha
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